A presença cada vez mais comum de tilápias em lagoas tem surpreendido pescadores e pesquisadores no Litoral Norte. Apesar de apreciada pelos consumidores devido à sua carne saborosa, a espécie é considerada invasora e pode causar desequilíbrios no habitat, afetando o desenvolvimento de outras espécies animais.
Em locais como a Lagoa do Marcelino, em Osório, as tilápias se tornaram a espécie dominante, com destaque para a "tilápia do Nilo" (Oreochromis niloticus), nativa do Egito. Com a presença desse peixe, espécies tradicionais da região, como o caraá e a traíra, praticamente desapareceram.
Apesar disso, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) afirma que ainda não há estudos conclusivos sobre a presença exacerbada de tilápias no estado. A mudança no cenário das lagoas tem gerado preocupação entre os pesquisadores. Em novembro, um seminário organizado pelo professor Aluízio Verdinho reuniu biólogos, professores e autoridades locais para discutir o problema da invasão das tilápias. Durante o evento, foi destacada a capacidade de adaptação dessas espécies e os riscos que representam.
"Trata-se de um peixe introduzido no Brasil na década de 1970, que se adapta muito bem às nossas águas. Ele cresce rapidamente, se reproduz com facilidade e possui uma carne muito apreciada, o que o tornou popular", explica o professor.
"No entanto, quando açudes transbordam após chuvas, esses peixes escapam e acabam invadindo as lagoas. Por serem espécies onívoras, eles alteram drasticamente o ambiente, além de se reproduzirem durante todo o ano, desequilibrando a presença de outras espécies", completa.
Com informações de G1RS