Mesmo com o início das obras ainda indefinido, o projeto do Porto Meridional, previsto para ser instalado em Arroio do Sal, já enfrenta forte oposição. Um grupo formado por cientistas renomados e professores da UFRGS se juntou ao Movimento em Defesa do Litoral Norte para tentar barrar a concessão da licença prévia ambiental pelo Ibama.
O pedido de licenciamento foi protocolado recentemente, mas gerou reação imediata de estudiosos de diferentes regiões do Estado, entre eles os professores Rualdo Menegat, Jefferson Cardia Simões e Antônio Philomena.
Segundo os especialistas, o empreendimento representa uma ameaça ambiental de grandes proporções, com potencial para causar danos irreversíveis ao ecossistema costeiro e comprometer sítios arqueológicos milenares. Eles também questionam a viabilidade econômica do projeto, citando a subutilização dos portos de Rio Grande e de Santa Catarina, além da ausência de estudos técnicos robustos.
O geógrafo Jefferson Simões comparou os riscos ao da polêmica Mina Guaíba, rejeitada após intensa mobilização. “O avanço das águas poderia ter contaminado a água potável da região com carvão”, afirmou, ao destacar os impactos que uma obra mal planejada pode causar, especialmente diante dos eventos climáticos extremos.
Outro ponto sensível é a possível destruição de sítios arqueológicos indígenas pré-históricos, que, segundo o grupo, podem desaparecer sem possibilidade de recuperação.
A infraestrutura viária da região também é alvo de críticas. De acordo com os especialistas, a Rota do Sol não comportaria o aumento do tráfego pesado, e a proposta de uma nova estrada atravessando a Mata Atlântica configura uma ameaça direta ao bioma, protegido pela Constituição como patrimônio nacional.
Os cientistas afirmam que o projeto infringe legislações ambientais vigentes e que o apoio político à iniciativa carece de embasamento técnico. Eles pedem que o debate seja aprofundado e que alternativas sustentáveis sejam consideradas antes de qualquer avanço no licenciamento.