A Polícia Civil segue investigando as suspeitas contra Deise Moura dos Anjos, acusada de envenenar um bolo que resultou na morte de três pessoas durante as comemorações de Natal em Torres. Novos relatos colocam no radar da investigação a possibilidade de que o marido e o filho da suspeita tenham sido vítimas de uma tentativa de envenenamento anterior, envolvendo um suco de manga supostamente contaminado.
Relato de testemunha e investigação
De acordo com uma testemunha, o episódio teria ocorrido antes do Natal. O marido e o filho de Deise teriam ingerido o suco, mas o menino, de apenas 9 anos, foi forçado pela mãe a regurgitar, o que pode ter evitado um desfecho mais grave. O marido, no entanto, chegou a passar mal em outro momento de 2024, apresentando sintomas compatíveis com intoxicação, embora ainda não esteja claro se o episódio tem ligação com o consumo do suco.
Amostras de sangue do homem e da criança foram enviadas ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) para análise, com o objetivo de verificar a presença de arsênio, a mesma substância já detectada nas vítimas fatais do bolo de Natal e no corpo do sogro de Deise, exumado na semana passada.
Compra de arsênio e evidências
As investigações apontam que Deise teria comprado arsênio por ao menos quatro vezes ao longo de quatro meses em 2024, com registros das compras realizadas pela internet. A polícia encontrou, no celular da suspeita, uma nota fiscal com o nome dela como destinatária, além de indícios de que as entregas do veneno foram feitas via Correios.
O arsênio, que é altamente tóxico, foi identificado nas necropsias realizadas nas vítimas do bolo de Natal e também no sogro da investigada, morto em setembro.
Histórico de problemas no casamento
A relação turbulenta entre Deise e o marido tem sido considerada um fator relevante na investigação. Informalmente, o homem teria afirmado aos policiais que já cogitava pedir o divórcio antes mesmo do caso do bolo. O casal passou por uma separação temporária, com Deise morando na casa de sua irmã, mas posteriormente se reconciliaram. Apesar disso, em 21 de novembro, menos de um mês antes do Natal, Deise registrou uma queixa de vias de fato contra o marido, que deixou a residência e passou a viver na casa de sua mãe, Zeli dos Anjos. Zeli também sobreviveu a uma tentativa de envenenamento.
Próximos passos
Segundo o delegado responsável pelo caso, Marcus Vinicius Veloso, as novas informações e relatos estão sendo apurados cuidadosamente para confirmar a extensão das ações de Deise e os possíveis alvos. A suspeita segue sob investigação, e as perícias do IGP deverão trazer novos elementos para esclarecer os acontecimentos e reforçar a linha investigativa sobre o envenenamento em série.
A Polícia Civil também avalia a necessidade de ouvir outras testemunhas e aprofundar os laudos periciais para consolidar as provas contra a suspeita. Caso confirmadas as suspeitas, Deise poderá responder por homicídio, tentativa de homicídio e outros crimes relacionados à aquisição e uso do veneno.
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