A ideia de construir um hotel em meio aos morros de areia, figueiras, araçás e butiazeiros foi do Sr. Miranda, amigo de Luiz Bassani, que lhe propôs sociedade. O sócio não colaborou, mas Luiz Bassani levou a ideia adiante. Ele já conhecia a praia, pois costumava vir até a localidade para tratar de seu reumatismo. Diziam que, cobrindo-se com areia quente e depois se banhando no mar, curava-se o reumatismo.
A madeira para a construção do hotel foi retirada do "mato" que havia na localidade de Despraiado, próximo a Maquiné. Ela veio de vapor até Porto Camila e, dali, de carreta de boi. A primeira madeira retirada para construção não chegou ao seu destino, pois no meio da lagoa a balsa estourou e a madeira afundou.
Em 1928, estava pronto o Hotel Bassani, um chalé de madeira, com quartos separados da cozinha. O banheiro era comunitário e fora das dependências do hotel. O hotel passou a funcionar de dezembro a março. Os hóspedes, oriundos de Caxias, São Francisco e Porto Alegre, vinham de carretas, carroças e charretes e, mais tarde, no Expresso Jaeger, que vinha pela beira-mar.
Porém, às vezes, a maré subia e não era possível passar. Devido às dificuldades, ficavam no hotel de 10 a 15 dias. No hotel, trabalhavam, além da família, mais ou menos 10 pessoas. A cozinheira era Emília Bassani, esposa de Luiz Bassani. No meio da cozinha ficava o poço para a retirada de água para fazer comida e, mais tarde, a moderna bomba manual.
Os hóspedes comiam peixe com fartura. As roupas eram lavadas nos arroios que se formavam com a água das chuvas em meio aos morros de areia. Nos quartos, havia jarros com água, urinol e colchões feitos por Emília Bassani com palhas de milho, que com o passar do tempo foram substituídos por "luxuosos" colchões de crina e mola sucessivamente.
Os primeiros anos deram prejuízos. Por diversas vezes, Emília dissera ao marido para desistir da ideia, mas ele persistiu. Mudaram o local, colocaram mais próximo ao mar e, depois de seis anos de prejuízos, veio o primeiro lucro. Os hóspedes passeavam à beira-mar levando as crianças em carrocinhas puxadas por bodes ou cabritos, banhavam-se no mar e, à noite, reuniam-se para conversar e dançar ao som de bandinhas que vinham de fora contratadas pelo proprietário do hotel para animar os bailes.
Durante o inverno, o Sr. Luiz Bassani voltava com sua família para a localidade de Despraiado e trabalhava levando mulas para vender em Caxias do Sul, enquanto sua esposa lecionava, pois aqui ficavam apenas alguns pescadores.
No ano de 1945, o hotel funcionou durante o inverno, pois ali ficaram os militares como ponto de apoio na II Guerra Mundial. Às vezes, também durante o inverno, quando a maré subia e o expresso Jaeger não conseguia prosseguir viagem até Torres, os passageiros se abrigavam no hotel. Leonel Brizola era visita constante no hotel, mas não se hospedava, pois tinha uma casa na praia. Muitos políticos estiveram ali, como Guido Mondim (deputado), Ernesto Dornelles e João Goulart. Houve até um encontro em que Pedro Simon participou.
A casa pertencia ao Sr. Luiz Bassani e Dona Emilia Bassani. A foto da casa foi gentilmente cedida por Iara Hennemann Machado. Segundo Iara, seu avô Luiz Bassani estava na frente da casa.
Fonte : Livro Raízes de Capão da Canoa | Aidyl Peruchi.
Fotos: Aidyl Peruchy | Capão da Canoa Fotos Novas e Antigas
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